07 fevereiro 2007

157

Menina do 157,

como quem se intromete,
peço licença
pra incomodar (sua viagem )
e pedir um minuto da sua atenção:
eu vim aqui pra tentar roubar
seu coração

é esta necessidade que me guia
desde a praia de botafogo,
quando acelerou bruscamente
meu peito
neste ônibus:
você subindo, me levou ao céu
com sua beleza estampada
num típico sorriso de verão:
charmosa e brozeada.

não vou mais descer,pensei,
visando ficar mais perto de você,
imaginando onde chegaremos

um fim está cada vez mais próximo sempre
e um anjo não desce jamais
então, o fim deste roteiro
já está chegando

como quem se repete, direi
sinto meu fim cada vez mais próximo
e descerei desolado antes do final
sem saber pra onde ir
numa rua engarrafada do humaitá
quando chegar a hora errada
de não estar no local certo

mas eu tenho um compromisso

e como quem se compromete,digo:
sempre me lembrarei de você, menina do 157
guardarei na memória tua presença
que agracia um itinerário pleno de linhas solitárias
com um momento da companhia apaixonante

como quem desperta confuso
vou me levantar depressa
com a campainha
chegarei fora do horário
sem saber se o que sonhei
um dia será realidade

e como quem nem se despede
não olharei para trás
pra não te ver partindo
talvez nunca saiba
se voce me procurou
ou se não me encontrou

pois como nem só eu faria,
pra tentar permanecer,
me atrevi a escrever
estes versos cretinos
que deixo em tuas mãos
tentando existir na tua vida

menina do 157

até mais
ou até nunca mais
só depende de você
se lê esta carta amarrotada
ou se descartou o papel amassado
de um passageiro que saiu andando da tua vida

--Juan Otoya

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