28 março 2012

destinada

se à vida destes nada,

ávida neste nada que és

destinada és a deste nada mais ser

--Juan Otoya


27 março 2012

'vem navegar'

vem navegar, meu amor,

vem navegar!

sente a brisa mudando,

entende o recado que traz:

novos ares, outros cais,

noutros mares, a mesma paz

vem navegar, meu amor,

vem navegar!

não sem rumo, nem rota

pois quem não sabe aonde vai

está ancorado ao ponto de partida

boiando em inerte marouço

vem navegar, meu amor,

vem navegar!

que o vento está sempre favorável,

às vezes não na direção que queríamos

mas se a boa maré nos direciona

pra quer ir contra a correnteza?

vem navegar, meu amor,

vem navegar!

que a hora da partida é chegada,

velas abertas nos mastros

rumo ao destino escolhido

e escrito em mapas e astros

--Juan F de V Otoya

'Aos Navegantes'

sempre leve nessa nave

o fundamental a teu mundo

tirando sempre lá do fundo

o que é apenas superficial

sempre leve essa nave,

pra que flutue portátil

não nômade nem volátil

apenas fácil de manobrar


--Juan Otoya

14 março 2012

dia nacional da poesia

oculta pela tinta fresca do muro
empoeirada no ostracismo da prateleira
mastigada com a rotina insossa
amassada pela condução lotada
omitida pela pressa passageira
extraviada em descarte postal
a beleza da poesia permanece

imune ao crepúsculo das mentes vãs
invulnerável às vaidades tolas da fama
incansável no combate às cretinas disparidades
projetando indeléveis imaginários oníricos
libertando da fadiga e do fastio
a beleza da poesia permanece

no relato desvairado do lunático sonhador
no mal redigido soneto para um amor sincero
no combate permanente dos homens justos
no retrato opressivo de uma era errante
a beleza poesia permanece

-- Juan Otoya